sábado, 22 de outubro de 2011

Polemica sobre a construção da Pista de Skate em Nova Mutum

(Foto ilustrativa)
Resposta do grupo de Skatista de Nova Mutum a proibição da construçãoda Pista de Skate

Com relação à polêmica levantada na última sessão como em outras, nos meios de comunicação, tendo sido expostos argumentos para a não construção da pista de skate na praça da Bíblia.

Antes de abordar o skateboarding, gostaria de lembrar aos nobres vereadores e a sociedade em geral, em uma definição bastante ampla, que praça é qualquer espaço público urbano livre que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários. Vale destacar que espaço público é considerado como aquele que seja de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). Logo, enquanto jovens, pertencentes a segmentos religiosos ou não, temos o direito de utilizarmos deste espaço público como todo e qualquer cidadão.

Quanto ao Skateboarding, é um esporte que tem atingido grandes proporções nos últimos anos dentro do Brasil, inclusive no seguimento religioso. Atualmente são mais de 3.860.000 praticantes do skate no país comparativamente, um número equivalente a população total de um país vizinho como o Uruguai ou das distantes república da Irlanda ou Nova Zelândia. São quase quatro milhões de skatistas espalhados em todo território nacional, de acordo com dados divulgados em março de 2010 pelo Instituto Data Folha. Com um crescimento de 20% de aumento com relação ao último levantamento (2006), além de outros números altamente positivos comprovam a força do skate dentro da sociedade brasileira e projetam a um crescimento ainda maior para os próximos anos. Diversas e diversas matérias são exibidas a respeito do assunto em todos os meios de comunicação. Gostaria de exemplificar o que estamos vivendo neste momento citando a vida de um grande skatista, Sandro Dias, mais conhecido como Mineirinho. Sandro Dias é skatista há 24 anos, mas entrou para a profissão só dez anos após ter começado a prática do skate. Apesar do apelido, Sandro é natural de Santo André – SP, e foram justamente o preconceito e a discriminação os maiores obstáculos que o Mineirinho recordista enfrentou no início da carreira. Ele conta que a maior dificuldade é o preconceito, pois começou muito novo e na época o skate não era tratado como esporte, pois não tinha incentivo da mídia, oportunidades de eventos, patrocínios, nem lugares adequados para a prática do skate. Ou seja, era obrigado a dividir as calçadas e ruas com pedestres e carros, o que incomodava e, portanto, era tachado como marginal, drogado, moleque de rua, etc...

Por ter iniciado no esporte muito cedo, Sandro não diria que sua vida mudou por causa do skate, já que este fez parte de seu cotidiano desde sempre, mas do que ele tem certeza é de que o esporte o manteve no caminho certo, deixando ele a salvo do envolvimento com drogas e qualquer outra coisa que a juventude de hoje está tão acostumada a enfrentar. Para ele, praticar o esporte afasta as coisas ruins e aproximam às boas, ele diz que todos sabem que drogas e criminalidade não são coisas boas, ninguém faz esse tipo de coisa sem saber as conseqüências das mesmas. Ele acredita, e nós também, muito na força do skate para mudar a vida de jovens que passam por uma situação dessas, pois o skate exige muito da dedicação e criação de cada um, faz com que a pessoa que pratica, fique entretida com o desafio do esporte e se afaste de coisas ruins. Podemos dizer que é um esporte apaixonante que faz muito bem e tem o poder de transformar as pessoas não somente em skatistas, mas também em bons cidadãos.

Sandro é mais do que exemplo para a garotada, sejam ou não, fãs de skate. O Mineirinho coleciona títulos, entre ele o de Pentacampeão mundial pela World Cup Skateboarding, Tricampeão Europeu e Medalha de Ouro nos X-Games de Los Angeles, além de ser o Rei do 540 e o único skatista a realizar com maestria a manobra 900º em uma competição.

Entendendo e aceitando o skatismo como esporte, portanto, captador de jovens de “TODAS” as classes sociais e religiões, a tendência é que diminua a marginalização desta prática esportiva e aconteça naturalmente a inserção de diversos jovens na sociedade de fato.


"Em 11/04/2011 a cidade recebeu a noticia que ganharia a pista de Skate: http://www.novamutum.mt.gov.br/?ver=noticias&area=listar&categoria=19&codigo=1703&pagina=73
Em 30/05/2011, esse mesmo grupo que assinara esse requerimento se reuniu com prefeito para ajustes no projeto da pista: http://www.expressomt.com.br/noticiaBusca.asp?cod=137327&codDep=3, onde foi apresentado um projeto de estudo preliminar que pode ser visto aqui http://www.expressomt.com.br/noticiaBusca.asp?cod=137327&codDep=3

Acima está o projeto final para construção da pista aprovado em 30/08/2011 - Pista de Skate: edital para licitação deve ser publicado essa semana: http://www.novamutum.mt.gov.br/?ver=noticias&area=listar&categoria=42&codigo=2298&pagina=29

É injusto considerar preconceituosamente que uma pista de skate no centro da cidade trará para ambiente familiar pessoas de má índole ou viciados em drogas. “Estilos de vida” ou propostas esportivas não deveriam ser “taxados”, caso houvesse esta “ligação”, todo cabeludo seria rockeiro, toda bota, chapéu e fivela seriam de um peão de rodeios, toda roupa exageradamente curta e “abusada” estaria numa prostituta. Capoeiristas, nadadores, jogadores de futebol, vôlei, basquete, lutadores de artes marciais, ciclistas têm garantidos seu espaço de “bem vistos pela sociedade” e entre todos existem pessoas que usam tênis grandes, bermudas largas, bonés e afins.

Quanto às drogas, é repetitivo dizer que está em todo lugar, para infelicidade geral, lembrando que não são pessoas carentes e marginalizadas que fazem girar de fato este “mundo sombrio”. Quantas pessoas de famílias conceituadas, bem sucedidas e politicamente corretas e bem vestidas carregam consigo um usuário? E quantas famílias da periferia existem sem nenhum? É um estranho “pensamento prático”...

Pensando em inclusão social, conscientização e educação cívica, torna-se muito mais fácil educar um jovem e “livrá-lo de todo mal” deixando-o á vista da comunidade. Fazendo com que o orgulho se estar sendo admirado em suas manobras o impeça de “perder a graça” em ser correto, o faça entender que o que ele faz não é errado, nem diminuído, que sua família possa sentir orgulho e andar de cabeça erguida em qualquer lugar que seja.

Em vez de querer nos excluir e nos afastar da sociedade, por puro preconceito e discriminação, sem mencionar a ignorância total quanto as nossas vidas, nossas famílias e nossa cultura, as pessoas, poderiam utilizar deste espaço para ampliar a discussão quanto ao uso indevido de drogas, gravidez na adolescência, com o objetivo de conscientizar os praticantes do esporte sobre os riscos e malefícios do uso de drogas e bebidas alcoólicas, além de informar sobre diversos outros assuntos importantes.



Há muito tempo, nós skatistas nos identificamos com a praça e temos convivido integradamente com as famílias que ali freqüentam e outros jovens. Criamos nossos obstáculos, que contam com rampas de madeira para praticar o esporte. E depois de nos organizarmos, discutirmos com o Executivo, ter o projeto aprovado por essa casa de Leis, mesmo com as verbas e o projeto pronto, ainda existe um impasse para que a pista seja de fato construída, o lugar. Queremos tirar o skate “da periferia”. Estamos fazendo um trabalho de modificação da visão do skate aqui na cidade, por isso queremos um lugar onde o skate seja visto pelas pessoas, e o principal, que essa sociedade tenha a oportunidade de demonstrar o que tem pregado: INCLUSÃO SOCIAL.
Temos visto, e até participado, de movimentos contra a dengue, contra as drogas, contra a violência, contra a violência sexual...etc. Temos visto o tráfico de braços abertos recebendo de bom grado os excluídos e marginalizados pela sociedade. Queremos ver Nova Mutum realmente como uma cidade Amiga da Infância e da Juventude, não no discurso e sim na efetiva prova de cidadania.
Somos jovens, trabalhadores, honestos, filhos e filhas de pessoas também trabalhadoras e honestas que vivem em Nova Mutum. Somos, além de tudo, eleitores! Os votos que ajudam a definir quem estará ou não nesta Câmara, somos seres capazes e batalhadores, portanto, não ouviremos calados decisões demasiadamente “inexplicáveis”. Não aceitaremos de cabeça baixa ficar na berlinda da sociedade, sendo “julgados e condenados” sem mostrar nosso valor!
Hoje, uma pista de skate é impedida e amanhã? Lançar este fato a público é afirmar que skatistas não são dignos de ter um espaço “no centro da cidade”, num “ambiente familiar”, num local PÚBLICO quem dirá numa empresa, numa casa de família (até parece que não temos família, que não SOMOS família), num escritório, enfim, num emprego!
Conseqüências gravosas aos skatistas podem acontecer, sim! Sem contar o tão discutido “bullying” se tais argumentos começarem à ser levados a sério pelos colegas para dentro da escola. Não temos garantias que não haverá em proporção maior do que já existe! Como será passar de skate num lugar e ouvir: “Vai pra sua pista lá na periferia que lá que é teu lugar”?
Um retrocesso... Está é a palavra... Retrocesso!Conscientes que somos, continuaremos participando de projetos sociais, ajudando nas campanhas de valorização à vida, sexualidade e prevenções “até hoje, nunca apreciada por membros desta casa” e lutaremos por espaço, sem dúvida!
Estar à margem não é opção, permanecer nela, sim! E não queremos!

Não aceitamos como resposta o medo de sangue, mesmo porque acidentes acontecem em qualquer lugar... Uma criança brincando na praça com sua bicicleta pode cair e se machucar e nem por isso é proibida de freqüentar a praça. Não aceitamos como resposta que a praça é um projeto religioso, pois a pista em nada irá interferir nos eventos, pois, somos também educados, religiosos e civilizados, e temos muitos religiosos em nossas famílias, sabemos respeitar normas e regras.Se a minha família não pode freqüentar a praça com as demais famílias... Se o skatista não pode conviver com os demais usuários da praça... Onde está o principio da democracia no município?O que queremos é uma resposta verdadeira, honesta e concisa à pergunta que não quer calar: POR QUE NÃO NA PRAÇA DA BIBLIA?

Antes de encerrar, há que se comentar que, no dia 19 de outubro de 2011, pela manhã, a REDE GLOBO em seu programa INFANTIL com CENSURA LIVRE, TV Globinho, exibiu matéria sobre o skatismo, e, com certeza, a intenção não era fazer apologia a qualquer tipo de transgressão! Naquele instante houve, sim, um momento de comoção, pois tivemos a certeza de que, o skatismo entrou na casa de milhares de pessoas, no centro de diversas cidades DO MUNDO, à vista de cidadãos de todas as idades e quase todas as religiões! Parabéns à emissora, gratos pelo reconhecimento digno... Como deve ser!

Nova Mutum – MT, em 18 de outubro de 2011

Fica o texto do Grupo de Skatistas locais e as materias que monstram a quanto tempo estão se reunindo para decidir como seria feito o projeto, para conclusão de todos.


2 COMENTÁRIOS:

Zizelle disse...

Matéria interessante, contextualizando o leitor e expondo ao público um Requerimento, uma das maiores da democracia.
Estamos felizes por saber que em Nova Mutum, a maior parte da cidade compreende que tais manifestações são retrogadas por afastar os jovens que tanto insistimos em trazer para perto...

LEONARDO HENRIQUE NEITZKE disse...

Agradeço pela matéria.
Eu como skatista que reside em Nova Mutum me sinto vitorioso pela construção desta pista, acredito que agora depois de todas está polemica a pista realmente sai na praça, onde sempre foi o lugar de encontro dos skatista.
Acredito que com a construção desta pista de skate a galera do skate será ainda mais unida e ira trazer nossos skatista para a cidade e quem sabe assim algun skatista mutuense possa trazer para a cidade um dia o titulo de melhor estadual ...
Obrigado pelo espaço.
LEONARDO HENRIQUE NEITZKE
{ CRIOLINHO }