quinta-feira, 28 de julho de 2011

3º Encontro de Lideranças de Comunidades Quilombolas da Baixada Cuiabana

Elizeu da Silva, conhecido como Xumxum.

O Instituto Mandala participou do 3º Encontro de Lideranças Quilombolas da Baixada Cuiabana, o evento articulado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e contou com a presença de 40 Lideres de Comunidades Quilombolas de 15 municípios e também técnicos do MDA, que abordaram diversos assuntos, dentre eles a Sustentabilidade das Comunidades, e articulação como Terceiro Setor.

O Evento aconteceu entre os dias 27 e 28 de Julho no CETRA-Cristo Rei e ainda este ano acontecerá o 4º Encontro onde irá se montar uma análise geral e uma pesquisa, que auxiliará nas construções de Políticas que beneficiem estas Comunidades.

O Instituto Mandala aproveitou a ocasião para pré lançar as oficinas de Sensibilização Musical, selecionadas pelo edital Micro projetos da Amazônia Legal, do Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura, as oficinas acontecerão na Comunidade do Capão do Negro, e será disponibilizada a cerca de 40 Jovens, o objetivo é a formação de mais um grupo de percussão formado pelo Instituto, que pretende dar inicio as atividades na segunda quinzena de Agosto.

História do Cristo Rei Várzea Grande

Um estudo do historiador Ubaldo Monteiro aponta que comunidade começou a se formar a partir da fuga dos escravos da região de Cuiabá, mesmo após a (não reconhecida por muitos) abolição da escravatura em 1888. De acordo com o estudo, os quilombolas conseguiram viver sem interferências no local até 1937.

Com a criação do Município de Várzea Grande, em 1948, o então prefeito Julio Domingos de Campos batizou as referidas terras de “Colônia União” e doou 700 hectares das terras do Capão de Negro à Infraero. Os negros então foram retirados da região e transferidos para lotes num local chamado por eles de “Roção”, atualmente centro do Bairro Cristo Rei.

O Capão de Negro também perdeu uma área de 200 hectares, em 26 de abril de 1948, para a Construção do Seminário Cristo Rei, onde hoje funciona o Universidade de Várzea Grande (UNIVAG).

As pistas de decolagem do Aeroporto Marechal Rondon em Várzea Grande foi um dos maiores centros resistência escravagista da região. Os remanescentes do Quilombo Capão Negro lutam para serem reconhecidos e cobram uma indenização por terem perdido suas terras para o aeroporto.

Com apoio da Secretaria Nacional de Igualdade Racial, os moradores da Manga e do seu entorno (Cristo Rei, Alameda, Construmat), remanescentes dos quilombolas, que fundaram o Distrito do Cristo Rei, poderão buscar direitos especiais, conforme garante o decreto federal 4.887, de 20 de novembro de 2003.


O documento oficial também regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das áreas ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos, tendo em vista a confirmação do decreto municipal nº1070/2008, que reconhece a propriedade definitiva das terras ocupadas pelos remanescentes das antigas senzalas.


Para o presidente da Associação do Quilombo Capão de Negro, Elizeu da Silva, conhecido como Xumxum, o reconhecimento é fruto de muita luta e perseverança, “nosso principal objetivo era a valorização da memória de nossos antepassados que desbravaram e ajudaram na construção de uma das regiões mais desenvolvidas de Várzea Grande o Distrito do Cristo Rei”, explicou Xumxum.Elizeu da Silva, descendente de escravos refugiados no Quilombo Capão Negro, conta que as 180 famílias de origem quilombola querem ser ressarcidas de alguma forma. Xum Xum, como é conhecido, diz que a indenização pode ser paga com terras ou com dinheiro.

Ele conta que no dia 03 de agosto de 2009, o Ministério da Cultura através da Fundação Cultural Palmares reconheceu o quilombo. A Associação dos Remanescentes do Quilombo Urbano Capão Negro recebeu um certificado da fundação distinguindo seu valor na história afro-brasileira. Agora, segundo ele, falta a Infraero reconhecer a história do Capão Negro e indenizar os remanescentes.


“O primeiro passo, que é a regularização daquele território, já foi dado entre a associação e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com a concessão aos moradores do direito à propriedade da área onde residem, por meio da titulação fundiária. Este é um dos principais benefícios adquiridos a partir do reconhecimento como comunidade quilombola”; finalizou o presidente.

VG News

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